quinta-feira, 6 de setembro de 2012

PSB e a continuação de um projeto de nação: o trabalhismo



Por Cássio Moreira
Em artigo anterior escrevi (http://sul21.com.br/jornal/2012/06/o-nacionalismo-economico-da-era-vargas-e-o-governo-lula-dilma-rousseff-retomada-de-um-projeto/) que o PT é o maior partido trabalhista do Brasil e o herdeiro político do velho PTB. O PT com a eleição de Lula em 2002 assume o governo com um projeto político de se perpetuar no poder pelo menos por 20 anos. Os dois mandatos de Lula mais os dois possíveis mandatos de Dilma já somam 16 anos. O que abre a pergunta de qual seria o candidato do PT para 2018?
Caso em 2014 seja o presidente Lula o candidato, existiria a possibilidade de Dilma voltar depois ou o próprio Lula tentar nova reeleição, algo improvável em virtude do avançado de sua idade. Caso Dilma se reeleja, quem seria o candidato do PT para 2018? Postulantes surgem nesse cenário dinâmico. O PT tem alguns nomes de projeção nacional. Tarso, Maria do Rosário, Jaques Wagner, o próprio Haddad ou até mesmo o atual ministro Guido Mantega… caso se eleja governador de SP em 2014. Outros nomes surgem nesse cenário longínquo. O PCdoB trabalha no projeto Manuela governadora 2018-presidenta 2022 ou antes. Contudo o grande nome que surge é de Eduardo Campos do PSB para 2018. Por isso, foi extremamente importante o crescimento do PSB nessas eleições de 2012, para assim, desbancar o PMDB do posto de vice. Acredito que será um erro estratégico o PSB lançar candidato em 2014, mas sim, ter Eduardo Campos como candidato a vice-presidente.
O PT vive, assim como os demais partidos, um problema de renovação de quadros e o fato de ser governo traz ao partido uma tendência de ir perdendo espaço no campo eleitoral. Seria muito bom, inclusive para o próprio PT, que surgissem forças políticas consistentes à sua esquerda. Infelizmente, as alternativas existentes ainda não conseguiram superar o pragmatismo, a falta de um projeto consistente e viável à esquerda (baseado na doutrina trabalhista, pois esse é o único projeto verdadeiramente de esquerda dentro do espectro capitalista) e a obsessão em eleger o PT como principal adversário.
O PSB pode e deve ser essa alternativa. Mas pra isso não deve ser uma alternativa ao PT, ou antipetista, e sim uma alternativa de esquerda e não ao PT. Deve crescer ao lado do PT e aos poucos e de forma natural ser a continuação desse projeto trabalhista em curso, com fortalecimento do estado, da distribuição de renda e avançarmos para as reformas de base. Iniciado com Vargas, depois com a tentativa de aprofundamento com Goulart do PTB antigo, e atualmente resgatado e retomado com Lula-Dilma do PT.
O grande cuidado que o PSB deve ter, e o risco ainda não tem mensuração, é de que as forças conservadoras de direita usem o PSB como forma de enfrentar o projeto trabalhista em curso com o PT, essa aproximação da direita com o PSB seria uma forma de enfrentar a presidenta Dilma já que a oposição tradicional se encontra enfraquecida. Um desses caminhos seria a aliança com o PSD, e de forma mais extrema e improvável, com uma possível fusão entre as duas siglas surgindo então o Partido Social Brasileiro mas continuando com a sigla PSB. Se por uma lado essa fusão tornaria o PSB a maior bancada na câmara federal e um dos maiores partidos do Brasil, por outro lado poderia levar o PSB a se tornar um partido de centro-direita e de oposição ao PT e ao projeto trabalhista.
O antídoto é a construção de um projeto solido de esquerda para afastar-se do proselitismo eleitoral e do cretinismo parlamentar tão comum aos partidos de direita, para isso os quadros do partido devem ler mais Alberto Pasqualini: http://sul21.com.br/jornal/2012/03/precisamos-ler-alberto-pasqualini/
* Cássio Moreira é economista, doutor em Economia do Desenvolvimento (UFRGS) e professor do IFRS – Campus Porto Alegre.www.cassiomoreira.com.br

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