quarta-feira, 5 de setembro de 2012

A eleição de 2012 é o primeiro tempo da eleição de 2014


Por Cássio Moreira
A eleição de 2012 em Porto Alegre está sendo um jogo de xadrez. Cada passo, cada lance, é extremamente pensando e analisado pensando-se em 2014. Essa é a verdadeira eleição que pode definir rumos e caminhos. Geralmente o xadrez é um jogo entre duas pessoas. Quem joga, sabe o fascínio que esse jogo exerce e sabe que ter uma estratégia é algo crucial para ser um bom jogador. Em política não é muito diferente, embora alguns partidos ainda passem por cima de ideologias e programas partidários em prol dos seus “projetos” e da “governabilidade”.
Os dois maiores “players” dessa disputa em Porto Alegre são José Fortunati e Manuela D’Ávila. O primeiro, com um bom governo, está fazendo mais pela cidade do que fez o seu antecessor, Fogaça, no mandato inteiro. A outra, uma deputada federal recordista de votos e com uma boa atuação em Brasília, além de ser bem articulada e extremamente antenada no que acontece em sua volta. Temos um terceiro candidato, Adão Villaverde, que na verdade não apoiou ninguém para não comprometer as alianças do governo Tarso, e por ser do partido mais expressivo na câmara de vereadores de Porto Alegre.
As análises sobre a eleição de 2012 e as suas alianças; muitos já fizeram. Assim como, o da disputa pelo Palácio Piratini em 2014: entre o atual governador, Tarso Genro, do PT e sua rival, Ana Amélia Lemos, do PP. Tarso busca consolidar a aliança que o elegeu em primeiro turno, tendo o difícil dilema de manter a candidatura de Villaverde pra não desagradar tanto PCdoB-PSB como o PDT.  Ana Amélia Lemos, pensando em ampliar sua base em Porto Alegre, “convence” os membros do seu partido a apoiar a candidatura neo-comunista de Manuela para, assim, separar PCdoB, e quem sabe PSB, da aliança com Tarso.
Entretanto, o que muitos não trazem para a análise, é um terceiro candidato ao governo do RS, o atual prefeito José Fortunati. O PDT pretende cada vez mais alçar vôos próprios, e com isso é de se conjecturar a repetição da aliança entre PDT-PMDB, fazendo com que, uma possível candidatura de Fortunati, deixaria novamente a prefeitura para o PMDB, de Sebastião Mello ou Ibsen Pinheiro, embora o PTB também sinaliza interesse. Isso explica a grande disputa para quem será o candidato à vice-prefeito.
Portanto, teríamos um cenário com três fortes candidatos ao governo do estado. Do lado esquerdo, o atual governador Tarso Genro, com um número mais reduzido de alianças, talvez com a possibilidade de contar com o PSB novamente. Do lado direito, Ana Amélia Lemos, reunido os tradicionais partidos de direita: PP, DEM, PSDB entre outros, assim como uma boa parte da mídia gaúcha. Ao centro, surgindo como um Rigotto de outras eleições: José Fortunati, com uma aliança de centro-direita, em parceria com o PMDB e quem sabe o PTB.
A grande incógnita que ficaria, depois das eleições de 2012, para que lado iria o PCdoB de Manuela d’Ávila caso isso se tornasse realidade? Manteria sua coerência política e continuaria aliado ao projeto que elegeu Tarso ou apoiaria um projeto oposto, o do PP?
Cássio Moreira é economista, doutor em Economia do Desenvolvimento (UFRGS) e professor do IFRS – Câmpus Porto Alegre.  www.cassiomoreira.com.br

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