quarta-feira, 25 de julho de 2012

PSB e o projeto de nação em construção

Por Cássio Moreira

 Em artigo anterior escrevi (http://sul21.com.br/jornal/2012/06/o-nacionalismo-economico-da-era-vargas-e-o-governo-lula-dilma-rousseff-retomada-de-um-projeto/) que o PT é o maior partido trabalhista do Brasil e o herdeiro político do velho PTB. O PT com a eleição de Lula em 2002 assume o governo com um projeto político de se perpetuar no poder pelo menos por 20 anos. Os dois mandatos de Lula mais os dois possíveis mandatos de Dilma já somam 16 anos. O que abre a pergunta de qual seria o candidato do PT para 2018?

Caso em 2014 seja o presidente Lula o candidato, existiria a possibilidade de Dilma voltar depois ou o próprio Lula tentar nova reeleiçao, algo improvavel em virtude do avançado de sua idade. Caso Dilma se reeleja, quem seria o candidato do PT para 2018? Postulantes surgem nesse cenário dinâmico. O PT tem alguns nomes de projeçao nacional. Tarso, Maria do Rosario, Jaques Wagner, o proprio Hadaad ou ate mesmo Mantega caso se eleja governador de SP em 2014. Outros nomes surgem nesse cenário longincuo. O PCdoB trabalha no projeto Manuela governadora 2018-presidenta 2022 ou antes. Contudo o grande nome que surge é de Eduardo Campos do PSB para 2018. Para isso, acredito que é extremamente importante o crescimento do PSB nessas eleiçoes de 2012, para assim, desbancar o PMDB do posto de vice. Acredito que seja um erro estratégico se lançar candidato em 2014, e sim, ter Eduardo Campos como candidato a vice-presidente.

O PT vive, assim como os demais partidos, um problema de renovação de quadros e o fato de ser governo traz ao partido uma tendência de ir perdendo espaço no campo eleitoral. Seria muito bom, inclusive para o próprio PT, que surgissem forças políticas consistentes à sua esquerda. Infelizmente, as alternativas existentes ainda não conseguiram superar o pragmatismo, a falta de um projeto consistente e viável à esquerda (baseado na doutrina trabalhista, pois esse é o único projeto verdadeiramente de esquerda dentro do espectro capitalista) e a obsessão em eleger o PT como principal adversário.

 O PSB pode e deve ser essa alternativa. Mas pra isso não deve ser uma alternativa ao PT, ou antipetista, e sim uma alternativa de esquerda e não ao PT. Devemos crescer ao lado do PT e aos poucos e de forma natural seremos a continuação desse projeto trabalhista em curso, com fortalecimento do estado, da distribuição de renda e avançarmos para as reformas de base. Iniciado com Vargas, a tentativa de aprofundamento com Goulart do PTB antigo, resgatado e retomado com Lula-Dilma do PT.

 O grande cuidado que devemos ter, e o risco ainda não tem mensuração, é a aproximação do PSB com o PSD, e com uma possível fusão entre as duas siglas surgindo então o Partido Social Brasileiro mas continuando com a sigla PSB. Se por uma lado essa fusão tornaria o PSB a maior bancada na câmara federal e um dos maiores partidos do Brasil, por outro lado poderia levar o PSB a se tornar um partido de centro-direita e de oposição ao PT e ao projeto trabalhista.

Nosso antidodo é a construção de um projeto solido de esquerda para nos afastarmos no proselitismo eleitoral e do cretinismo parlamentar tão comum aos partidos de direita, para isso nossos quadros precisam ler mais Alberto Pasqualini: http://sul21.com.br/jornal/2012/03/precisamos-ler-alberto-pasqualini/.

* Cássio Moreira é economista, doutor em Economia do Desenvolvimento (UFRGS) e professor do IFRS – Câmpus Porto Alegre. www.cassiomoreira.com.br

2 comentários:

Carlos Orling disse...

Tenho para mim que uma síntese “tosca” do conceito de trabalhismo é distribuição de renda via salário, embasado numa ideologia reformista perfeitamente válida.
O PT não surge trabalhista e sim “revolucionário” “transformador”. Ao chegar ao Governo, enfrenta a contradição de ter que governar nas condições existentes e possíveis ou aplicar na prática seu discurso histórico. Optou por renunciar às suas bandeiras históricas e adaptar-se às condições da conjuntura. Aí o desgaste e a descaracterização do seu projeto partidário.
O PSB possui um perfil, hoje, mais à esquerda do PT, porém ainda não possui força política acumulada para aspirar a curto prazo o Governo do País. Seu projeto vem se afirmando e não deve e não pode ser precipitado. Uma tentativa de atalho pode comprometer esse projeto.
Não devemos abraçar o discurso antipetista. Há, entretanto um sentimento interno de disputa com o PT, já que o nosso espaço na sociedade se confunde. Disputamos o mesmo segmento. Crescemos nele pelo desgaste do PT-Governo.
Neste momento não há lugar para um projeto “revolucionário” de Governo. Por isso, o modelo de gestão empreendido por Eduardo Campos em Pernambuco, demonstra eficiência, e chama a atenção de todos quantos o conhecem. Sua projeção acelerada como figura pública confiável é a conseqüência.
Acelerar artificialmente esse processo, com instrumentos tipo fusão com o PSD é um equívoco.
Como vês, temos muito acordo no texto que publicaste. Mas a principal virtude, é a presença de discussões desse nível no nosso ambiente de militância.
Abração.
Carlos Orling

Carlos Orling disse...

Tenho para mim que uma síntese “tosca” do conceito de trabalhismo é distribuição de renda via salário, embasado numa ideologia reformista perfeitamente válida.
O PT não surge trabalhista e sim “revolucionário” “transformador”. Ao chegar ao Governo, enfrenta a contradição de ter que governar nas condições existentes e possíveis ou aplicar na prática seu discurso histórico. Optou por renunciar às suas bandeiras históricas e adaptar-se às condições da conjuntura. Aí o desgaste e a descaracterização do seu projeto partidário.
O PSB possui um perfil, hoje, mais à esquerda do PT, porém ainda não possui força política acumulada para aspirar a curto prazo o Governo do País. Seu projeto vem se afirmando e não deve e não pode ser precipitado. Uma tentativa de atalho pode comprometer esse projeto.
Não devemos abraçar o discurso antipetista. Há, entretanto um sentimento interno de disputa com o PT, já que o nosso espaço na sociedade se confunde. Disputamos o mesmo segmento. Crescemos nele pelo desgaste do PT-Governo.
Neste momento não há lugar para um projeto “revolucionário” de Governo. Por isso, o modelo de gestão empreendido por Eduardo Campos em Pernambuco, demonstra eficiência, e chama a atenção de todos quantos o conhecem. Sua projeção acelerada como figura pública confiável é a conseqüência.
Acelerar artificialmente esse processo, com instrumentos tipo fusão com o PSD é um equívoco.
Como vês, temos muito acordo no texto que publicaste. Mas a principal virtude, é a presença de discussões desse nível no nosso ambiente de militância.
Abração.
Carlos Orling